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Terça-feira, 03 de Dezembro de 2024

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Autoconhecimento, pontos cegos e inteligência emocional – por que se fala tanto nisso?

Dimas Facioli é consultor de RH e diretor da Facioli Consultoria

Dimas Facioli
Por Dimas Facioli
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Autoconhecimento, pontos cegos e inteligência emocional – por que se fala tanto nisso?
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O tema, na verdade, não é recente. Mas, fruto de um amadurecimento nos debates sobre o ambiente corporativo. Na Revolução Industrial, viu-se que a produção em série agilizaria processos, diminuiria perdas, substituiria a mão de obra pela máquina e, com o tempo, substituiria a máquina pela inteligência artificial. Tudo isso ainda continua acontecendo, mas não exatamente para substituir o homem. Na verdade, para usar o que somente o ser humano pode oferecer: suas competências.

São elas que efetivamente fazem a diferença. Ainda não se fala no fim da mão de obra pesada, mas isso já não está mais no campo do impossível em um futuro que ainda não podemos saber onde está. Até lá, como tudo que depende de processos de lapidação, as competências humanas seguirão cada dia mais em alta no mundo dos negócios ou nos negócios de todo o mundo.

Podemos arriscar a dizer que só utiliza bem as próprias competências – para que elas façam a diferença em qualquer campo da atuação humana, seja no trabalho, na vida pessoal ou social – aquele que se conhece. Por isso, veremos, cada vez mais, a busca pelo profissional que se conhece, utiliza com propriedade sua inteligência emocional, especialmente nos momentos de crise, e busca desvendar seus pontos cegos.

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Para mostrar que o tema não é recente, mas está ganhando força, provavelmente por causa da necessidade de se buscar planejamento e capacidade de resiliência nos negócios e pessoas frente a imprevistos que podem vir de qualquer área de atuação humana ou ponto do mundo, nos anos 1950, dois estudiosos desenvolveram a ferramenta chamada Janela de Johari, voltada a analisar relacionamentos pessoais e profissionais.

A ferramenta avalia quatro posições: o “eu aberto” que são as características que a pessoa conhece de si mesmo e que os outros podem saber; o “eu oculto” que é o que a pessoa sabe de si, mas não permite que os outros saibam; o “eu cego” que somente os outros conseguem enxergar, mas a pessoa não consegue se perceber, e o “eu desconhecido” que nem os outros nem a própria pessoa sabe.

Mas hoje o estudo comportamental nas empresas evoluiu grandemente. A verdade é que as vagas de emprego estão aí, são oferecidas e emprego é algo que se conquista e se perde por várias razões, porém, a carreira, sim, é moldada exclusivamente pelo profissional; ninguém tem ingerência nisso.

Hoje, uma das mais avançadas ferramentas para avaliação comportamental utilizada em 23 países aplica cerca de 250 mil testes a cada ano. Desses, cerca de 30 mil são líderes – supervisores, gerentes, diretores, presidentes. Outros 25 mil são profissionais da área comercial e os demais são profissionais de outras áreas organizacionais. A ferramenta foi desenvolvida por especialistas em comportamento humano e é capaz de analisar perfil gerencial – quão preparado está o profissional para a gestão de equipes, gestão organizacional e de mudanças, estilo comercial e detalhes sobre o comportamento pessoal como capacidade para inovar, adaptar-se, importar-se, ouvir, interagir, organizar interpessoal e individualmente, etc.

Apenas para dar um exemplo, há dois estilos de vendedor – e vender é algo que todos fazem permanentemente: o caçador e o criador.

O primeiro é confiante em certa capacidade de influência em sua relação com o cliente, motiva-se a correr riscos com o objetivo de atingir resultados visíveis e rápidos. Líder, ele se apoia principalmente em sua capacidade de convencimento, com um potencial indiscutível para resistir às objeções e a outras tensões ligadas ao ambiente comercial. Já o criador é confiante em certa flexibilidade e adaptabilidade na relação com o cliente, é estimulado pelo diálogo junto ao cliente com o objetivo de alcançar a sua adesão. Prudente, ele se apoia em sua capacidade de perseverança, com particular preocupação em preservar um ambiente cordial e, deste modo, preservar o seu perímetro de clientela.

Agora, imagine que o profissional não saiba qual é seu estilo. Neste caso, ele desconhece suas capacidades, em que situação está na zona de conforto para negociar. O autoconhecimento, que implica o uso planejado da inteligência emocional, permite que este profissional saiba não só qual seu estilo – e às vezes, ele tem conforto nos dois estilos –, mas também em que grau está confortável em um e outro estilo. Conhecendo-se – e a ferramenta avalia 46 competências comportamentais, não apenas o estilo comercial – o profissional sabe em quais situações estará confortável ou não para conduzir um processo de mudança, gerenciar uma crise, desenvolver e executar um projeto, por exemplo. Conhecendo toda a equipe, uma organização sabe de seu potencial para planejar seu futuro e desenvolver sua equipe.

É por isso que se fala tanto em autoconhecimento, pontos cegos e inteligência emocional. Nenhuma máquina substituirá isso.

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