A decisão monocrática do Ministro do STF Edson Fachin, considerando incompetente a 13ª Vara Federal de Curitiba para o julgamento do ex-presidente Lula, chacoalha de forma brutal o xadrez político para 2022.
Lula, falando em nome do PT, já havia indicado o ex-prefeito da cidade de São Paulo, Fernando Haddad, como o candidato do Partido dos Trabalhadores para 2022. Essa ação deixou muito claro de que o PT, para a sua própria sobrevivência, sabe que precisa ter um nome para a eleição presidencial ou, após todos os casos de corrupção, reduzirá ainda mais de tamanho e importância na política nacional.
Essa atitude de Lula se transformou em um grande obstáculo para as pretensões de um movimento muito bem coordenado, com atores de dentro e de fora da política tradicional e que conta com muito apoio da grande mídia.
Intitulado como Frente Ampla, esse movimento tenta de todas as formas ocupar o estreito espaço entre a esquerda petista e a direita bolsonarista.
O movimento sabe que as pautas identitárias (racismo, feminismo, igualdade de gênero, aborto, entre outras) defendidas pela esquerda (PT, PSOL, etc) não têm apelo aos eleitores médios e que as pautas conservadoras defendidas por Bolsonaro são mais aceitas, porém, o Presidente poderá sofrer algum abalo eleitoral com os resultados sanitários e econômicos da pandemia.
A organização da Frente Ampla chama a atenção pela sua dimensão e poderio financeiro e político e embasada em pautas universais (saúde e emprego para todos, etc.) começava a indicar a possível união de Ciro Gomes (PDT) como cabeça de chapa e Eduardo Leite (PSDB), Governador do RS, como vice.
A escolha de Ciro Gomes é a tentativa de criar um “Bolsonaro” da esquerda e sua missão seria ficar a frente de Haddad para chegar ao 2º turno das eleições com Jair Bolsonaro.
Com a entrada de Lula no jogo o potencial de crescimento da Frente Ampla reduz ainda mais, afinal, o ex-presidente carrega consigo o recall de 8 anos de mandato e uma boa imagem para uma parcela dos eleitores brasileiros.
A estratégia da Frente Ampla começa a cair por terra, pois aumenta de forma considerável a tendência de polarização entre Lula e Bolsonaro formando o 2º turno das eleições de 2022.
Lula agradece a (in) justiça brasileira pela sua soltura e agradece ainda mais Fachin por lhe tornar elegível.
Porém, quem mais agradece a decisão de Fachin é Jair Bolsonaro que não precisará mudar a estratégia antipetista que o colocou na cadeira em 2018, o que dá a ele chance muito maior de vitória nas eleições.
Ao Presidente cabe prestar atenção às próximas movimentações da justiça e da oposição que são cientes do quadro descrito acima e, valerá tudo para impossibilitar a sua reeleição.
Marcelo Di Giuseppe – Cientista Político do Instituto de Planejamento Estratégico IBESPE.
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