"Este é o cenário que vislumbrei quando sai de casa", disse o Sr. Milton, quando sua pequena empresa de caixas acústicas foi à falência.
Com vergonha da família, sem poder pagar os credores que insistentemente o visitavam, resolveu um dia sumir e nunca mais voltar, pela total vergonha de sua incapacidade de se levantar.
Ficou sem rumo nas ruas de São Paulo, o Largo São Bento foi o seu convívio por quase 2 anos.
Ao me relatar, disse que perdeu totalmente o senso racional e a realidade da vida mudou e o deixou sem mais perspectivas.
Vivia o dia como se não houvesse mais o amanhã, sem precisar planejar o dia seguinte.
Não havia mais auto-estima dentro de seu coração e suas forças não eram suficientes para se levantar e lembrar quem ele era, de onde veio e seus feitos e vitórias anteriores não tinham mais significância, como se fosse apenas sonhos da noite anterior.
De empresário à pedinte de rua, de sobridez ao embriagado.
Da mesma maneira que sua sorte mudou e trouxe para si a sua desgraça, sua sobrinha o encontrou numa esquina da capital Paulista todo esfarrapado, sem banho, fedorento e caído ao chão.
"Tio, estávamos esperando seu retorno, volte para casa comigo".
Pegou um taxi, mesmo com a resistência do motorista, precisou pagar caixinha extra pra compensar a lavagem do veículo.
O próprio Milton me relatou sua experiência.
O conheci depois de 8 anos do fato, em uma empresa que ele trabalhava em São Paulo, considerado funcionário prestativo e exemplar.
Homem íntegro que teve sua segunda chance.
Recentemente recebi a notícia que ele havia partido daqui, um infarto fulminante o levou.
Infelizmente encontraremos muitos Srs Miltons depois dessa pandemia.
Muitos irão vislumbrar a mesma situação que o Sr Milton precisou passar, infelizmente.
A RUA É A MINHA VIDA, AS MARQUISES O MEU TETO E O CHÃO A MINHA CAMA.
O CÃES SÃO MEUS COMPANHEIROS E A BEBIDA DOS TROCOS DA ESMOLA, O MEU COBERTOR.
Compre do comércio local, invista no lojista da cidade, apoie o empresário que hoje sofre por não poder abrir o seu negócio por causa da Pandemia.
Apoie a abertura do comércio de maneira segura, antes que seja tarde demais...
Nelson Gritti
Comentários: