Estamos enfrentando a maior crise sanitária da história. Na data de fechamento deste artigo, o mundo contabilizava mais de 2,7 milhões de mortes por Covid-19 e 123,2 milhões de casos. Infelizmente, a máxima popular “está ruim, mas pode piorar”, cabe como uma luva ao Brasil. A falta de rumo e planejamento do governo Bolsonaro levou o país ao caos, com 12 milhões de casos da doença e 300 mil mortes. Soma-se a essas perdas irreparáveis o colapso dos sistemas público e privado de saúde em todo o país, com falta de kits de intubação, medicamentos, oxigênio, leitos e ventiladores, ou seja, uma tragédia anunciada.
O negacionismo feroz da pandemia, externado por Bolsonaro em quase todas as suas declarações e entrevistas, está fazendo com que brasileiros morram diariamente sem dignidade, por falta de assistência. Além de desumano, é inaceitável que um Presidente da República insista em negar a ciência, defenda e invista recursos (escassos!) em tratamentos comprovadamente ineficazes e fale contra o uso de máscaras e o distanciamento social, medidas sanitárias importantes de prevenção contra o novo coronavírus. Essas atitudes fizeram com que a gestão da pandemia no país fosse parar no Conselho de Direitos Humanos da ONU. Internamente, há investigações sendo realizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Ministério Público, Tribunal de Contas da União e pode originar uma CPI no Congresso.
Em meio a manchetes diárias desanimadoras que mostram claramente que a pandemia está fora de controle no Brasil, Bolsonaro arrumou um bode expiatório para o desastre. Sobrou para o cumpridor de ordens Eduardo Pazuello, que foi substituído recentemente pelo médico Marcelo Queiroga no Ministério da Saúde. Em 12 meses e em plena pandemia teremos o quarto ministro da Saúde! Mandetta e Teich eram incompetentes? Claro que não, eram profissionais técnicos e sérios, que queriam combater a pandemia de acordo com a ciência e os exemplos bem-sucedidos de outros países. Mas pessoas assim não tiveram até o momento espaço nesse governo.
O Ministério da Saúde, gestão Pazuello, é responsável pela atual falta de medicamentos utilizados nos processos de intubação. Em agosto, o Ministério cancelou, sem justificativa, importação desses produtos. O Conselho Nacional de Saúde alertou o Ministério, na época, que a assistência aos pacientes de Covid-19 entraria em colapso. Novamente, nada foi feito. A imunização, caminho para evitar casos mais graves da doença e, devagar, retomar o dia a dia da economia, foi, por várias vezes, motivo de chacota de Bolsonaro. Agora, em pronunciamento nacional em TV e rádio, mente, afirmando que seu governo empreendeu todos os esforços na compra e produção de vacinas. Em 2020, o governo cancelou a compra dos imunizantes ou não negociou com os laboratórios fabricantes e, hoje, estamos no fim da fila. O presidente chegou a “comemorar” a morte de um voluntário da Coronavac, em novembro do ano passado, que comprovadamente nada teve a ver com a vacina. "Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Doria queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, postou em suas redes sociais. Seria asqueroso se fosse ficção, como é realidade, me falta adjetivo.
Agora, em uma ação desesperada, o governo tomou uma decisão arriscada, de usar todo o estoque de vacinas na primeira dose. Corremos o risco de milhares de doses já aplicadas perderem a eficácia, caso essas pessoas não recebam a segunda dose no prazo certo. A pergunta que toda sociedade faz, nesse momento, é: “Será que Marcelo Queiroga será mais um pau mandado de Bolsonaro ou agirá como médico que é e respeitará a ciência?”. Se ele conseguir fazer com que Bolsonaro fique de boca fechada e pare de atrapalhar, já será alguma coisa. Mas precisamos de muito mais. Além de vacinas, leitos, medicamentos, oxigênio e planejamento, o povo brasileiro precisa de solidariedade, respeito, dignidade. Pelo que temos assistido até aqui, parecem coisas impossíveis nesse governo.
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