A operação criminosa na cidade de Araçatuba com o assalto a 3 agências bancárias, numa ação quase que cinematográfica, levou muitas pessoas a nos questionarem sobre como evitar tal ação e o que a polícia poderia ter feito num cenário desses.
Muito bem, a resposta é: muito pouco ou quase nada. É importante entendermos que não é através do confronto que se consegue êxito, muitas vezes. O ideal seria não deixar acontecer ou criar mecanismos que dificultem ao máximo a ponto de desestimular a ação. Óbvio que os serviços de inteligência da polícia nesse sentido são de grande valia; o Estado de São Paulo tem grande eficiência nesse sentido, mas nem sempre conseguem detectar tais ações a tempo de evitá-las.
Muitas vezes imaginamos que tecnologia e armamento são a solução de todos os problemas na área da segurança e isso definitivamente não é verdade. Existem outros elementos que devem ser avaliados e que infelizmente vemos sempre relegados a segundo plano. Um bom projeto de segurança deve iniciar com estudos de urbanismo e arquitetura das instalações, e quando falamos de cidades o estudo urbanístico é ferramenta imperativa para um bom plano de segurança.
Podemos citar aqui alguns exemplos e questionamentos que deveriam ser feitos antes da instalação, por exemplo, de agências bancárias:
- As ruas que dão acesso a essas agências são largas ou estreitas? Se forem estreitas dificultam a ação criminosa, pois limita manobras de abordagem e principalmente de fuga;
- As agências têm um estudo de arquitetura coerente com a tecnologia de segurança que deverá ser embarcada?
- É feito um estudo de EIV (Estudo de Impacto da Vizinhança), para avaliar os riscos que essa atividade traz para aqueles que ali convivem com essa atividade ao seu lado? A lei que trata sobre esse tema, discorre sobre meio ambiente, poluição sonora, impacto viário e outros temas, mas não contém sequer uma linha sobre o impacto na segurança que isso traz.
- Em Araçatuba existem 16 agências na região central, todos espalhadas; como o policiamento vai controlar esse segmento de maneira tão dispersa? E mesmo que a polícia possua armamento equivalente para um confronto, como irá fazê-lo no meio dos cidadãos? O marginal não se preocupa com a vida alheia, mas a polícia tem como prioridade proteger acima de tudo a vida do cidadão.
Da mesma forma vemos em condomínios de alto e médio padrão uma preocupação exacerbada e muitas vezes precipitada de instalação de sistemas de segurança sem se atentar que primeiramente se faz necessário um estudo da arquitetura das edificações; avaliar qual o fluxo e como é o fluxo de pessoas no condomínio, qual o nível de visibilidade das áreas e mobilidade, tanto para evitar ações quanto também para se defender, e o quanto pode-se estar colocando em risco a vida humana em prol da proteção do patrimônio (em último caso vão-se os anéis, mas que fiquem os dedos!). Qual o preço que está se pagando ou economizando em prol de uma falsa sensação de segurança e contra uma efetiva mitigação de riscos sem colocar a vida das pessoas em jogo?
A tecnologia é um fator importantíssimo na estratégia de redução dos riscos, como o fator humano também é, mas ela tem que vir acompanhada de um bom e bem feito projeto urbanístico e ou arquitetônico.
Quando embarcamos determinada tecnologia em uma edificação sem o devido estudo que a comporte; isso é a mesma coisa que comprar um sapato de grife número 40, para um pé 36... E todos nós sabemos quando isso acontece quais são os resultados.
Comentários: