Como jornalista, participo de vários grupos de WhatsApp com colegas de ofício. Na manhã de 29 de setembro, um desses colegas compartilhou o vídeo do assédio sexual sofrido pela ciclista Andressa Lustosa, em Palmas, na região sul do Paraná. Nas imagens, é possível ver um carro se aproximando dela e, na sequência, o carona passando a mão em seu corpo. Com o susto provocado pelo ataque, Lustosa se desequilibrou e caiu no chão. Os assediadores, por sua vez, fugiram.
Logo que o vídeo foi publicado no grupo, pipocaram comentários - acertadamente - condenando os criminosos, e relatos escabrosos de assédios que ocorreram com pessoas próximas a mim.
Fiquei chocado. Na minha inocente - e um tanto quanto medíocre - cabeça de homem, hétero e privilegiado, acreditava que casos assim fossem excessões e que as importunações sexuais, quase sempre, se limitavam às cantadas.
Ledo engano.
Abaixo, alguns relatos que li no grupo de jornalistas que mais me revoltaram:
“qdo eu era adolescente, deveria de ter uns 13 anos, estava de saia, andando na rua com a minha mãe, um imbecil passou a mão de baixo p cima. Só de falar lembro da sensação de nojo. Custei a andar de saia novamente depois disso, falar a verdade, evito andar de saia qdo preciso caminhar, só qdo desloco de carro de um lugar p o outro”.
“indo trabalhar de vestido, atravessando a Av… [nome da avenida omitido pelo articulista], um cara descendo a avenida de bicicleta puxou meu vestido na altura da cintura... (o vestido era bem corporativo, nem era curto e mesmo que fosse) ... Voltei chorando para casa e ainda tive que ouvir da minha família que eu não deveria sair de vestido…”.
“Gente, já pedi demissão pq o superior preferiu o cara que me agarrava no escritório, na hora do almoço... triste realidade”.
“Eu bati em um [homem]. Pq ele passou a mão. Eu virei e disse: repete. Ele repetiu . Eu quebrei um copo na boca dele”.
Assim como as histórias acima despertaram em mim a necessidade de gritar contra essas agressões e tentar, de alguma forma, denunciar e modificar esse comportamento criminoso que se tornou sistêmico entre a maioria dos homens; espero que você, leitor, sinta o mesmo. E que essa nossa indignação passe para outras pessoas a ponto de não tolerarmos mais criminosos agindo impunemente.
Se você foi vítima de assédio ou importunação sexual, denuncie à Central de Atendimento à Mulher. Disque 180.
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