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Terça-feira, 03 de Dezembro de 2024

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Azul precisa repensar seu nome depois da visita surpresa de Bolsonaro

A companhia aérea deveria buscar uma cor alusiva à morte, melancolia, pessimismo e opressão

Lucas Lanna Resende
Por Lucas Lanna Resende
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Azul precisa repensar seu nome depois da visita surpresa de Bolsonaro
Instagram/Reprodução
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Tranquilidade, serenidade, harmonia e espiritualidade. Na cultura popular, essas sensações são representadas pela cor azul. Acredita-se ainda que um ambiente azul favorece o exercício intelectual e tranquiliza o indivíduo, sendo, portanto, a cor ideal para escritórios, consultórios médicos e odontológicos. À vista disso, caberia à companhia aérea Azul repensar seu nome depois do que ocorreu em Vitória, capital do Espírito Santo, no último 11 de junho. 

Cumprindo agenda, Jair Bolsonaro foi à cidade para entregar moradias populares. Como de praxe, promoveu aglomerações em meio a pandemia e desencorajou o uso de máscaras. Não satisfeito em espalhar perdigotos nos seus apoiadores, o presidente decidiu fazer algo inédito: entrou em um avião comercial que estava parado na pista do aeroporto para “cumprimentar os passageiros”.

Embora a atitude de Bolsonaro tenha violado inúmeros regulamentos e medidas sanitárias, a Azul Linhas Aéreas Brasileiras, dona da aeronave em questão, deixou que tudo corresse conforme a vontade do genoci… melhor dizendo, conforme a vontade do presidente. Vídeos divulgados nas redes sociais mostram alguns membros da tripulação bem faceiros com a presença de Bolsonaro. E - vejam que surpresa! - nenhum deles usava máscara.

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Parte dos passageiros ovacionou o visitante, enquanto os demais gritavam “fora, Bolsonaro” e “Genocida”. Em uma das gravações é possível ouvir o presidente dizer que “Quem fala 'fora, Bolsonaro' deveria estar de jegue viajando, não de avião. É ou não é? Para ser solidário com o candidato deles”.

Diante da fala de Bolsonaro, portanto, é oportuno lembrar dos candidatos a presidente em 2018 e dos nomes que não estiveram nas últimas eleições, mas que pretendem disputar o pleito em 2022.

Entre Álvaro Dias, Cabo Daciolo, Ciro Gomes, Eymael, Fernando Haddad, Geraldo Alckmin, Guilherme Boulos, Henrique Meirelles, João Amoêdo, João Goulart Filho, Marina Silva, Vera Lúcia, Luiz Henrique Mandetta, Luciano Huck, Lula e João Doria, nenhum deles nunca viajou de jegue. Curiosamente, quem chegou mais próximo foi o próprio Bolsonaro, que, certa vez, participou de manifestação em Brasília montado num cavalo.

Sem vocabulário e sagacidade para atacar os adversários de maneira inteligente e elegante, Bolsonaro parte para a investida mais torpe: contribui para a morte dos brasileiros. Contudo, incapaz de matar somente seus adversários - o que, por si só, já é algo extremamente vil, rasteiro, criminoso e desprezível -, o presidente contribui para a morte de todos os brasileiros.

Isso foi feito por meio da recusa de 83 ofertas de vacina da Pfizer, pelo desdenho com o pedido de socorro de autoridades amazonenses frente a crise do oxigênio em Manaus, pela promoção de medicamentos ineficazes contra a covid-19 e pela campanha de desinformação sobre a pandemia encabeçada pela própria presidência da República.

É justamente esse homem que a Azul deixa à vontade para passear por suas aeronaves, fazendo o que bem quer. Sendo assim, o mais coerente à companhia aérea agora é mudar seu nome, buscando uma cor que faça alusão à morte, melancolia, pessimismo e opressão.

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Lucas Lanna Resende

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