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Terça-feira, 03 de Dezembro de 2024

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De novo, Damares?

Ao fazer referência à morte de Moïse, ministra reclamou de "cobrança muito grande" para que ela se manifestasse

Lucas Lanna Resende
Por Lucas Lanna Resende
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De novo, Damares?
Correio Braziliense Reprodução
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Há alguns dias, passou despercebida uma declaração da ministra da Mulher, da Família e dos Direito Humanos que deveria causar preocupação em muitos brasileiros. Ao fazer referência à morte de Moïse Kabagambe, imigrante congolês assassinado a pauladas no Rio de Janeiro, Damares Alves, titular da pasta, reclamou de "cobrança muito grande" para que ela se manifestasse sobre episódios de violação dos direitos humanos.

“Não dá pra vir pra rede social o tempo todo falar tudo o que estamos fazendo. Trabalhamos em silêncio”, escreveu em sua página no Twitter. Não satisfeita, ela ainda reclamou com alguns jornalistas no Palácio do Planalto: “Deixe eu falar uma coisa. Há uma cobrança muito grande que a ministra se manifeste em todos os casos. Mas cada caso é cuidado por uma secretaria”.

As declarações de Damares só servem para deixar evidente seu despreparo para o cargo que ocupa. Afinal, o próprio site oficial de sua pasta destaca que o “Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), é responsável pela articulação interministerial e intersetorial das políticas de promoção e proteção dos Direitos Humanos no Brasil”. 

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Sendo assim, quando uma pessoa é assassinada de maneira brutal em território brasileiro, significa, no mínimo, que o ministério de Damares falhou feio no seu papel de “proteção dos Direitos Humanos”. O primeiro passo para a ministra, portanto, deveria ser um pedido de desculpas público pelo fracasso inadmissível, seguido de rígida apuração e apoio incondicional à família da vítima, visto que o próprio regimento interno do ministério, curiosamente assinado por Damares, diz que a pasta exerce o papel de "ouvidoria nacional em assuntos relativos aos direitos humanos" e deve combater "todas as formas de violência, preconceito, discriminação e intolerância”.

Essa não é a primeira e, certamente, não será a última peripécia da ministra. Quem não se lembra da famigerada frase “menino veste azul e menina veste rosa”? Ou de quando disse que a exploração sexual de meninas na Ilha do Marajó, no Pará, ocorre "porque elas não têm calcinha"? Ou, pior, quando afirmou que a “gravidez é um problema que só dura nove meses”?

Em 2020, ela foi mais longe, agiu nos bastidores para impedir o aborto em uma criança de 10 anos que tinha sido estuprada pelo próprio tio, de acordo com reportagem da Folha de S. Paulo. A única declaração dada por Damares ante toda essa situação foi para negar a matéria jornalística e, em momento algum, se solidarizou com a menina.

Dizer que a ministra é sempre omissa, no entanto, seria mentira. Quando é do interesse dela, suas redes sociais são engajadas. No início deste ano, por exemplo, quando uma criança teve arritmia cardíaca 12 horas depois de ser vacinada com o imunizante pediátrico da Pfizer, a ministra correu para o Twitter. “Acabo de desembarcar na Base Aérea. Estive hoje à tarde em Botucatu/SP com o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em visita à família e à menina de Lençóis Paulista, hospitalizada após suspeita de parada cardíaca no mesmo dia em que recebeu a vacina contra a Covid”, escreveu. Contudo, nunca mais tocou no assunto depois que médicos descartaram que o problema cardíaco era consequência do imunizante.

O que se espera de Damares, portanto, não é que ela se torne uma digital influencer e corra para as redes sociais sempre que um desastre ocorra, e sim que ela faça o seu trabalho, previsto por normas assinadas por ela própria. Afinal de contas, o erário dela é descontado de nossa conta, e, convenhamos, é bem salgado.

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