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Quinta-feira, 05 de Dezembro de 2024

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Em plena Semana Santa "cristãos" passam pano pra tortura

Ao organizar ato em prol de um regime que matou muita gente, cristãos agem em consonância com aqueles que queriam Jesus morto

Lucas Lanna Resende
Por Lucas Lanna Resende
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Em plena Semana Santa
A captura de Cristo, por Caravaggio
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Neste ano, as comemorações dos 57 anos do golpe militar de 1964 começaram cedo. Na véspera do dia 31 de março, o novo ministro da Defesa, Walter Braga Netto, publicou uma ordem do dia alusiva ao golpe, afirmando que durante a Guerra Fria havia “ameaça real à paz e à democracia'' brasileiras. E ainda acrescentou que as “Forças Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos”.

Embora pífio e inconsistente, o argumento de Braga Netto serviu como munição e incentivo para aqueles que defendem uma “intervenção militar com Bolsonaro no poder”. Na quarta-feira (31), atos pró-golpe foram registrados em diversas capitais do país.

A manifestação mais inusitada, talvez, tenha sido em São Paulo. A Marcha da Família Cristã pela Liberdade promoveu um protesto um tanto quanto paradoxal: concentrou-se em frente à paróquia Imaculada Conceição para exigir um regime político que veda justamente a liberdade. Mais bizarro ainda é o fato de serem cristãos que defendem um sistema no qual a tortura e o assassinato eram práticas legítimas.

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Para os membros da Marcha da Família Cristã pela Liberdade, entretanto, a violência seria justificável em situações extraordinárias, em especial contra infratores e arruaceiros. Contudo, eles se esquecem que Jesus - que é a segunda pessoa da Santíssima Trindade, sendo, portanto, o próprio Deus para os cristãos - desrespeitava leis, como a santificação do sábado.

Ademais, Jesus também se comportou como arruaceiro, quando “viu alguns vendendo bois, ovelhas e pombas, e outros assentados diante de mesas, trocando dinheiro" (João 2:14) no pátio do templo de Jerusalém e "fez um chicote de cordas e expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois; espalhou as moedas dos cambistas e virou as suas mesas" (João 2:15). Mereceria, então, Jesus a tortura?

No Horto das Oliveiras, quando os oficiais de Caifás prendiam Jesus, Pedro “puxou a espada e feriu o servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha'' (Marcos 14:47). Mereceria, então, o primeiro papa da Igreja Católica ser submetido à tortura por ter ferido um soldado?

Os judeus diziam ainda que Jesus era um agitador popular, que ameaçava a paz e o reinado de Herodes. Seria esta a razão para soldados assumirem a responsabilidade de pacificar o reino, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo?

Certamente, os membros da Marcha da Família Cristã pela Liberdade responderão com uma contundente negativa a todos estes questionamentos. No entanto, ao organizarem um ato em prol de um regime que perseguiu, violentou e matou muita gente, eles agem em consonância com aqueles que gritavam para que Jesus fosse crucificado.

Curioso, entretanto, é que fazem isso justamente às vésperas da celebração da memória da paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. 

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Lucas Lanna Resende

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