Reportagem da Folha de S. Paulo de 6 de maio revelou que a Igreja Universal do Reino de Deus tem pressionado seus fiéis para que doem o auxílio emergencial. Usando a mesma tática de padres católicos da Idade Média, os pastores garantem que, com a doação do benefício, Deus proverá um “auxílio providencial”.
Em um culto filmado, Renato Cardoso, genro de Edir Macedo e principal responsável pela Igreja Universal no Brasil, afirmou: “Vocês preferem o auxílio emergencial ou o auxílio providencial? Aqui, dentro desse cesto [colocado no centro do púlpito] está a sua palavra. A sua palavra não mudou. O que o Senhor fez no passado, faz hoje, e multiplica para todos aqueles que confiarem em ti [sic]. Eu quero ouvir testemunhos, meu Pai, nesta semana ainda, de pessoas que colocaram no cesto o seu pão e peixe, a sua oferta, o seu desafio de fé, e o Senhor multiplicou”.
Curioso, no entanto, é que, ao remontarmos o período em que Jesus viveu junto dos homens, não vemos nada semelhante dito pelo Filho de Deus.
Embora fosse pobre, Jesus nunca pediu nenhum tipo de doação para si mesmo, muito menos para os sacerdotes e escribas do templo. Pelo contrário, costumava incentivar os mais abonados a acorrer aos que se encontravam em situações piores, e ainda criticava os ditos religiosos de seu tempo: “Cuidado com os mestres da lei. Eles fazem questão de andar com roupas especiais, de receber saudações nas praças e de ocupar os lugares mais importantes nas sinagogas e os lugares de honra nos banquetes. Eles devoram as casas das viúvas, e, para disfarçar, fazem longas orações. Esses receberão condenação mais severa" (Mc 12, 38-40).
Por outro lado, havia também os que discordavam de Jesus. Entre eles, Judas Iscariotes, que era afoito ao dinheiro e até o subtraia dos pobres. João chegou até a escrever em seu evangelho que Judas “era ladrão. Era ele que tinha a bolsa do dinheiro, e roubava do que lá se metia” (Jo 12, 1-8).
Impressiona, entretanto, a desfaçatez de muitos pastores e padres. Enquanto Judas furtava pelas sombras, os religiosos de hoje o fazem à luz do dia. Falam em nome de Deus e lançam mão do dízimo, de campanhas de arrecadação de dinheiro, entre outros movimentos similares para disfarçar o furto aos fiéis.
E o pior é que pessoas assim - como Padre Robson, Silas Malafaia, Edir Macedo, RR Soares, Valdemiro Santiago e o já citado Renato Cardoso - atraem milhões de fiéis, ou melhor, milhões de vítimas.
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