Empreender de forma diferente, de maneira sustentável e sem passar por cima do que você acredita, gerando valor para clientes, colaboradores e investidores não só é possível, como é o que eu venho fazendo à frente da Granito nos últimos anos e o que me fez saltar de 8 funcionários para 600 em cinco anos. Obviamente isso não é simples. Ter sucesso como empreendedor e criar um negócio que tenha a sua cultura e reflita seus valores requer mais do que vontade e capital para investir, é preciso conhecimento, estudo, flexibilidade, disciplina e algum grau de ousadia e risco.
Vocês podem estar se perguntando se em meio a uma pandemia, com a economia brasileira reduzindo e saindo das 10 maiores do mundo, falar em empreendedorismo não é precipitado ou arriscado. E minha resposta é não. Já que não existe um momento certo para iniciar um negócio próprio e mesmo em situações de crise existem oportunidades. Toda mudança de cenário é benéfica para uns e prejudicial para outros, então não existe momento ruim se escolhermos o mercado certo.
No entanto, analisando pelo lado pessoal do empreendedor, o momento ruim seria quando se empreende sem experiência, sem nunca ter trabalhado, começando do zero e com pouco conhecimento. No meu caso, eu rodei um pouco pelo mercado antes de empreender e vejo o mesmo acontecer com outros empreendedores de sucesso. Trabalhei com Telecom, trabalhei em consultoria, depois em empresa de tecnologia para varejo e aí comecei a ver que eu também poderia empreender, tive curiosidade pelo mercado de pagamentos e estudei o que acontecia na Europa, nos Estados Unidos até perceber que havia espaço aqui no Brasil também. Mas começar sem ter o mínimo de experiência pode ser perigoso, este é o momento em que não se deveria empreender. A experiência ajuda a evitar erros, a planejar melhor e executar as ideias de forma mais assertiva e por isso não deve ser renegada.
Por falta de experiência e planejamento, muitas pessoas que se aventuraram no mundo dos negócios foram rapidamente engolidas pelo mercado, mesmo as que apresentaram ideias muito boas e inovadoras. É importante frisar que a decisão de empreender não pode ser baseada em necessidade, como é o que vem acontecendo no último ano no Brasil, ou seja, muitas pessoas que se viram desempregadas começaram um negócio próprio sem o mínimo de planejamento e monitoramento de riscos. Este jeito abrupto de empreender pode dar certo, mas são raros os casos em que alguém sem um mínimo de conhecimento e planejamento prévio tenha conseguido se sustentar no mercado por muito tempo. É um bom planejamento que vai te dar um norte, mostrar o volume de capital que será preciso buscar e o que será preciso buscar adicionalmente.
Então uma pessoa não precisa nascer empreendedora para ter êxito, no meu caso eu vi oportunidade e percebi que poderia fazer do meu jeito, escolhi duas vezes um sócio errado, errei muito antes de dar certo, mas uma vez que eu senti a satisfação de poder fazer as coisas do meu jeito, foi muito difícil voltar atrás. E isso acontece com a maioria dos empreendedores porque passamos a valorizar muito a autonomia no negócio, poder tomar as decisões que acredita, ver a ideia funcionando, ser responsável pelo desenvolvimento de pessoas e agregar valor à vida delas é muito gratificante.
Uma empresa tem que ter um modelo de negócio que possa adaptar quantas vezes forem necessárias, mas precisa ser um modelo sustentável, que dê lucro no final do dia. Qualquer investidor quer um retorno e existe um risco muito grande quando o empreendedor acha que não precisa ter um modelo sustentável e se concentra apenas em ganhar clientes para depois descobrir como ganhar dinheiro. Isso vem acontecendo com algumas empresas atualmente que oferecem serviços gratuitos, o que é um conceito louvável, mas depois de receber gratuitamente as chances de o cliente não querer pagar pelo serviço mais adiante, são muitas. Na minha visão o objetivo de empreender é gerar valor e construir algo para a sociedade, mas achar que o modelo de negócio, por si só, se sustenta, pode ser um erro grave.
Para quem pensa em empreender este ano, aconselho um planejamento sólido e o mapeamento da maior quantidade possível de riscos. Isso porque mesmo mapeados, vão surgir outros tantos imprevistos que são impossíveis de mapear sem que o negócio esteja em funcionamento e é neste ponto que o empresário precisa de flexibilidade e criatividade.
Não existe fórmula perfeita e pronta para se tornar um empreendedor de sucesso, porém, nada grandioso se faz sozinho e unir-se às pessoas certas pode ser crucial para o progresso. Este aspecto não se refere apenas aos sócios, que são de fato muito importantes e precisam ter os mesmos valores e mesmos objetivos, mas também aos colaboradores que precisam acreditar na ideia e se engajar tanto quanto os donos do negócio. Unir-se a pessoas que compartilham dos mesmos valores é uma forma de evitar conflitos.
Criar negócios em que acreditamos, preservando nossos valores e transformando-os em algo grande pode ser viável. Não abra mão da sua forma de pensar para conseguir ser grande. Estes anos empreendendo me provaram que é sim possível fazer algo diferente, que gere valor. E a partir do momento em que se prova que dá certo, outras pessoas vão se engajar na sua ideia e fazer você crescer sem perder sua essência e empreendendo de forma consciente.
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