Você se lembra que em novembro de 2020 o Brasil perdeu sete milhões de testes para Covid? Eles estavam encalhados em um depósito no aeroporto de Guarulhos prestes a vencer, lembra disso? Pois bem, a consequência dessa negligência do poder público está vindo à tona agora. Prefeituras de todo o Brasil já estão tendo que restringir a testagem por falta de estoque.
Em São Paulo, por exemplo, a rede municipal decretou que somente casos prioritários deveriam ser testados - gestantes, moradores de rua e pessoas com comorbidades -, e, mesmo assim, só há material disponível para mais 15 dias. Em Santos, só quem não se vacinou ou tomou apenas uma dose poderá se submeter ao teste. E, no Rio de Janeiro, a prefeitura decidiu dar preferência a quem apresentar sintomas.
A rede particular também está penando com a falta de testes. Conforme mostrou recente levantamento do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios de São Paulo (SindHosp), 55% das instituições particulares do Estado têm exames o suficiente para até sete dias, e 16% indicam que o estoque pode acabar no prazo de 8 a 14 dias. Em Minas Gerais, por sua vez, pelo menos dois dos principais laboratórios particulares já registram falta de testes rápidos para antígenos da Covid-19.
Tudo isso seria imensamente preocupante em meio a uma pandemia qualquer. Contudo, é muito mais alarmante quando observamos que a média móvel de casos de Covid diários está em 75.253 - vale lembrar que em dezembro de 2021 essa mesma média estava em 8 mil, desconsiderando o período em que o sistema ficou muito abaixo devido ao ataque hacker no Ministério da Saúde. A média móvel de óbito cresceu 66% de 10 a 17 de janeiro. Mais de 621.261 brasileiros perderam sua vida.
Escrevo este texto com lágrimas nos olhos e grande revolta no coração, pois acabo de voltar do velório da mãe de uma amiga, vítima da Covid. Ao longo de um ano, essa minha amiga quase perdeu o marido, perdeu o pai, um tio e agora a mãe para o novo coronavírus.
Assim como ela, há centenas de milhares de brasileiros que ficaram órfãos ou que perderam alguém próximo. Essa dor, no entanto, torna-se mais aguda ao relembrar que o poder público preferiu brincar de governar a ter que lidar com uma situação catastrófica.
Um bom estrategista nunca deixaria que sete milhões de testes se perdessem. Ele, certamente, aproveitaria ao máximo os que já estavam próximos da data de validade e economizaria os de maior vida útil para serem usados no futuro. No entanto, o Brasil não tinha um bom estrategista no comando da pandemia, e sim uma lorpa chamada Eduardo Pazuello sendo comandada por um estulto que responde por Jair Bolsonaro.
Comentários: