Há cerca de um ano, repercute a preocupação de países do primeiro mundo com o meio ambiente. Ao longo de 2020, Alemanha, Suécia, Reino Unido e França boicotaram produtos agroalimentares brasileiros em resposta à negligência do governo Bolsonaro às políticas ambientais. Investidores estrangeiros comunicaram às embaixadas do Brasil suas preocupações decorrentes do aumento do desmatamento, que, para eles, criam incerteza generalizada sobre as condições para investir e fornecer recursos financeiros ao país. E o próprio EUA, depois da posse de Joe Biden, passou a pressionar o Brasil para que as autoridades daqui se comprometessem a diminuir gradativamente o número de desmatamento ilegal e queimadas.
Decerto seria um alento saber que as nações mais poderosas do mundo estão, de fato, preocupadas com a vida do planeta. No entanto, uma fala recente do chefe da chancelaria americana, Antony Blinken, deixou claro o verdadeiro propósito desses países, sobretudo os EUA, ao defenderem uma economia sustentável.
Em discurso realizado no último dia 19, ele afirmou: “Neste momento, estamos ficando para trás. A China é o maior produtor e exportador de painéis solares, turbinas eólicas, baterias e veículos elétricos. Detém quase um terço das patentes mundiais de energia renovável”. “Se não a alcançarmos, os Estados Unidos perderão a chance de moldar o futuro climático do mundo de uma forma que reflita nossos interesses e valores e perderemos incontáveis empregos para o povo americano”, completou.
Para o chefe da chancelaria americana, de nada vale os impactos macabros do aquecimento global na vida marinha - o estoque mundial de oxigênio dos oceanos diminuiu 2% em 50 anos, o que pode prejudicar comunidades que dependem da pesca -; ou então os ecossistemas que já foram extintos ou tendem a se perder pela ganância destruidora do homem. Também não importa, para ele, as implicações que o desmantelamento terá na vida da população de diversos povos. Tudo isso tem pouca ou nenhuma importância. O que realmente interessa é não perder lugar para a China.
Os países europeus estão longe de alcançar a China, deveras. Seguem nessa toada, contudo, por medo do advento de uma nova potência global. Nessa esteira, aproveitam do discurso e da influência de ambientalistas sérios, comprometidos com a vida do planeta - como Guadalupe del Río, José Yáñez, Miller Dussan Calderón, Jairo Mora e, mais recentemente, Greta Thunberg - no intuito de mascarar seu verdadeiro interesse.
Quando todo esse frenesi passar, e a ameaça aos americanos deixar de ser a agenda ambiental de nações concorrentes; restará apenas a solidão dos ativistas embalada pelo eco da seguinte pergunta: para que houve toda essa preocupação com o meio ambiente?
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