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Quinta-feira, 06 de Fevereiro de 2025

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Quanto custou essa igreja?

Quantos escravos morreram ou mesmo quantos ficaram inválidos por trabalhar sem nenhuma segurança numa construção desse porte?

Lucas Lanna Resende
Por Lucas Lanna Resende
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Quanto custou essa igreja?
Acervo Pessoal
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Numa das minhas visitas a Ouro Preto, decidi me enturmar com uns turistas que faziam uma excursão guiada pela cidade. O guia era um homem moreno, alto e robusto. Tinha a voz forte e andava à frente do grupo como um verdadeiro líder. Seu nome era Brasil, Antônio Brasil.

Passamos pela Casa dos Contos, Museu da Inconfidência e, quando entramos na Basílica de Nossa Senhora do Pilar, o Brasil começou a contar a história daquele lugar.

Construída em 1696, em torno de uma capela que havia no local, a igreja foi ampliada e teve a construção incentivada pelo próprio governador da província, que provavelmente era o português Simão Ferreira Machado, o Conde das Galveas. Durante a parte final da obra, o Santíssimo havia sido levado para a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e, assim que a Basílica ficou pronta, houve o traslado de volta pelas ruas da cidade. A procissão foi um marco na história de Ouro Preto e ficou conhecida como Triunfo Eucarístico.

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O cortejo foi acompanhado pelos diversos segmentos da sociedade. Os mais ricos, vestindo seus trajes com pedras preciosas e alegorias extravagantes, iam na frente, seguidos pelos menos influentes até chegar na ralé da época: os escravos.

O guia explicava que o ornamento interior da Basílica havia sido desenvolvido pelo tio do Aleijadinho junto de outro carpinteiro e que o… “E quanto custou essa igreja?”, interrompi, admirado com a riqueza que tinha lá dentro.

Todos os olhares se voltaram para mim.

O guia ficou alguns instantes calado.

Rompendo o silêncio, disse que, como aquela época era a do ciclo do ouro, não tinha como me responder precisamente o custo da construção da Basílica, mas que pesquisaria e me daria um retorno.

“Não, não! Não falo do dinheiro. Minha pergunta é a seguinte: quantas vidas foram gastas na construção? Quantos escravos morreram em meio a obra ou mesmo quantos ficaram inválidos por trabalhar sem nenhuma segurança numa construção desse porte?”.

Mais uma vez, ele disse que não saberia me responder porque aquelas informações nunca tiveram importância antes.

Dito isso, deu de ombros, continuou sua explicação sobre a ornamentação e foi guiando o grupo igreja adentro.

Decidi voltar para minha minha própria companhia, deixando pra trás o Brasil e sua relutância em manter viva a memória dos verdadeiros protagonistas da sua história.

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