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Quarta-feira, 04 de Dezembro de 2024

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Se fosse ministro na Itália, Guedes voltaria com o "pão e circo”

Titular da Economia atribuiu a culpa da fome à classe média e ainda sugeriu como solução dar migalhas aos pobres

Lucas Lanna Resende
Por Lucas Lanna Resende
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Se fosse ministro na Itália, Guedes voltaria com o
Instagram Ministério da Economia/Reprodução
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Em evento realizado pela Associação Brasileira de Supermercados, no dia 17 de junho, o ministro da Economia, Paulo Guedes, brindou os brasileiros com mais uma de suas falas desastrosas, que revelam seu caráter mesquinho e sua profunda inépcia para o cargo que ocupa. Ao comentar sobre a fome no Brasil - que estava estável até 2014 e se agravou, sobretudo, no governo de Jair Bolsonaro -, o titular da Economia atribuiu a culpa à classe média e ainda sugeriu como solução dar migalhas aos pobres.

“O prato de um [membro da] classe média europeu, que já enfrentou duas guerras mundiais, são pratos relativamente pequenos [sic] . E os nossos aqui, nós fazemos almoços onde, às vezes, há uma sobra enorme. Como utilizar esses excessos que estão em restaurantes e esse encadeamento com as políticas sociais? Isso tem que ser feito. Toda aquela alimentação que não for utilizada durante aquele dia no restaurante, aquilo dá para alimentar pessoas fragilizadas, mendigos, desamparados”, afirmou o ministro.

Depois da já esperada repercussão negativa de sua fala, Guedes ainda foi ao Twitter para tentar se explicar. “[Há] muito desconhecimento quanto a um conceito básico de segurança alimentar. Apenas em um contexto de total polarização política expressar ideias de auxílio aos mais necessitados [é possível que] seja motivo de ironia na imprensa e entre políticos”, escreveu. 

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É gritante o nível de estupidez dos auxiliares de Bolsonaro. Há, de fato, grande desconhecimento quanto a um conceito básico de segurança alimentar e parte desse desconhecimento provém do próprio Guedes. 

Em 2004, foi publicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Resolução N° 216, de 15 de setembro, que deposita a responsabilidade pelos alimentos doados e regula suas condições no intuito de fazer com que as doações ocorram de forma menos comprometedora. Ou seja, a preocupação é para que não sejam doados alimentos estragados ou que venham a fazer mal à quem recebê-los. Portanto, a sugestão dada pelo ministro não é tão simples quanto parece.

Outra informação cara a quem quer esteja à frente do ministério da Economia atualmente, mas que Paulo Guedes ignora é que o agravamento da fome no Brasil não decorre da falta de alimentos, e sim da falta de dinheiro para comprá-los. O Brasil ostenta hoje a escandalosa marca de 14,8 milhões de desempregados e 30 milhões de subutilizados, que são os trabalhadores potenciais que não estão trabalhando.

Sendo assim, não é atirando migalhas aos pobres que o Brasil mudará seu rumo. Se a política de destinar o resto para os mais necessitados funcionasse, o aterro de Ilha das Flores - aterro sanitário de Porto Alegre no qual pessoas pobres catavam restos de comida rejeitados até por porcos -  já teria sido copiado por diversos países mundo afora.

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