A violência nas escolas brasileiras segue crescendo, principalmente, contra professores, situação que provoca cada vez mais afastamentos das atividades escolares para cuidar da saúde mental. Uma pesquisa do Sindicato Único dos Trabalhadores de Educação de Minas Gerais (SindUte) apontou que 94,3% dos profissionais da educação, destacadamente os professores, em algum momento, já sofreram algum tipo de violência.
Na maioria das vezes, as agressões foram de caráter verbal (86,1%), psicológico (73,2%), físico (55,6%) e discriminatório (42,5%), ocorrendo com relativa frequência, já que 54,1% dos participantes afirmaram que as situações se repetem de maneira recorrente, ao menos uma vez ao mês. Dessa forma, 33,7% dos entrevistados consideram o local de trabalho pouco seguro e 39,4%, inseguro.
Para a PHD em neurociências, psicanalista, psicopedagoga e professora, Ângela Mathylde Soares, a situação é bastante crítica e preocupa pela precarização da função, inclusive, a classe considera que não recebe o devido valor de reconhecimento financeiro. Vale recordar que a jornada dos professores é extensa e não se resume apenas ao tempo dentro de sala de aula.
O fato é que tantas atividades sobrecarregam os educadores e obrigam a lidarem com o acúmulo de trabalho e os baixos salários. Infelizmente, a desvalorização também vem dos próprios alunos, familiares e responsáveis, sendo que, muitas vezes, não compreendem todas essas funções dos docentes.
Uma pesquisa do Ministério da Educação, em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e o Itaú Social, confirma essa realidade, revelando que menos de 40% dos alunos valorizam os professores. O levantamento envolveu 21 mil escolas públicas com mais de 2 milhões de estudantes, do 6° ao 9° ano do ensino fundamental.
Outro fato lamentável é que a junção do discurso de ódio e o alcance da internet torna esses pensamentos e ações ainda mais comuns, levando a um caminho que parece difícil de ser contornado, causando o esgotamento físico e mental dessa categoria. “A situação torna os casos de ansiedade, depressão, síndrome do burnout e do pânico cada vez mais comuns, obrigando centenas de professores a se afastarem da sala de aula para tratamento”, afirma Ângela.
Já a síndrome do burnout, distúrbio decorrente de exaustão e estresse, causa cansaço e fadiga excessivos, dores de cabeça, mudanças de humor, problemas gastrointestinais, isolamento, pensamentos negativos - como a sensação de incompetência e fracasso, dores musculares e alterações nos batimentos cardíacos e na capacidade de concentração.
Todas as ocorrências desencadeiam efeitos incapacitantes e provocam depressão, tornando os cuidados ainda mais difíceis. É essencial entender que a saúde mental não deve ser menosprezada e um especialista precisa ser procurado rapidamente para tratamento. O acompanhamento evitará o agravamento da situação, que, inclusive, pode levar à aposentadoria precoce e, até mesmo, ao desejo de autoextermínio.
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