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Quarta-feira, 17 de Abril de 2024

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Um araraquarense em Orlando e sua visão sobre a pandemia

Emerson Bellini
Por Emerson Bellini
Um araraquarense em Orlando e sua visão sobre a pandemia
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Orlando é um dos destinos americanos que está se recuperando mais rápido da crise sanitária e econômica global, causada pelo corona vírus.

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Ser um dos destinos mais desejados do americano e do mundo está sendo importante para essa recuperação. Soma-se a isso ser um destino de muita atividade ao ar livre e um clima quente, praticamente o ano todo.

Porém, isso somente não seria possível se não existisse uma participação inteligente e presente das esferas públicas, com total colaboração da população.

Mateus Cabau, araraquarense e morador na Florida, há oito anos, compartilha conosco sua opinião com relação a essa gestão que ele vivenciou.

“Nos Estados Unidos, os estados possuem muita independência na administração e gestão. Como exemplo disso, alguns estados tem pena de morte, outros não. Existem variações entre estados do porte de arma fora da propriedade privada, em trânsito, etc. Há variações para o consumo de álcool, entre outras. Variações com emissões de documentos para imigrantes, enfim”, explica.

“Na verdade, os estados foram responsáveis pela gestão da pandemia. A grosso modo, o governo federal foi responsável pelas informações, principalmente através do CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças é uma agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos), fechamento de fronteiras, aplicação em massa de testes covid-19, liberação de verba emergencial aos estados, liberação de cheques com a intenção de ajuda de sobrevivência para todos os contribuintes/pagadores de impostos, investimentos em pesquisas e elaboração de vacinas e tratamentos, além de compra de imunizantes”, disse Cabau.

 

Momentos distintos

Em primeiro lugar, Mateus tenta dividir os momentos.

“Houve um momento do desconhecimento total, na primeira semana de março, quando os Estados Unidos confirmaram as primeiras centenas de casos, além das quatro primeiras mortes. Em 13 de março de 2020 foi decretado Estado Nacional de Emergência”, relatou Cabau.

“As poucas notícias que o mundo tinha vinham da China, onde a liberdade de imprensa não existe e todas as informações são controladas pelo governo chinês, e da situação incontrolável e assustadora que a Itália já estava começando a sofrer”, comentou.

Depois de 13 de março, os números de contaminados e mortes começaram a crescer de forma assustadora nos EUA e o mundo já estava quase que todo contaminado pelo covid-19.

Alguns dias depois de decretado o Estado de Emergência Nacional, as empresas americanas começaram a suspender, ou cancelar os grandes eventos: shows, convenções, campeonatos esportivos, etc.

Os parques temáticos em Orlando suspenderam as operações por tempo indeterminado, na segunda quinzena de marco de 2020.

 

Orlando não teve lockdown total e estudantes de todas as idades puderam levar seus laptops já configurados e preparados para a plataforma “LaunchPad”, desenvolvido para ter acesso exclusivo dos alunos e professores para as aulas online em casa.

 

Com o fechamento dos maiores complexos temáticos do mundo, que estão em Orlando, deu-se então a proporção do tamanho dessa pandemia.

“A região de Orlando ficou mais restritiva até junho, mas jamais tivemos um lockdown completo, radical. Tivemos um período onde era proibido transitar na cidade das 22h às 5h, com exceção dos trabalhadores de saúde, governo e dos serviços essenciais, como supermercados, hipermercados, farmácias, postos de gasolina. Lojas de material de construção, obras e construções, hotéis e resorts estavam na lista de atividades essenciais. Foi proibida a venda de bebidas alcoólicas por um longo período em bares e restaurantes. Essa venda era permitida apenas em supermercados, hipermercados para consume nas residências. Foram proibidas aglomerações com mais de 10 pessoas e que depois foi flexibilizado para 50 pessoas, seja em áreas pública ou privadas. O uso de máscara e o distanciamento social se tornou obrigatório em lugares públicos e privados. Embora as academias tenham sido fechadas entre final de março e começo de junho foi sempre encorajado pelos órgãos públicos a pratica de exercícios ao ar livre, como caminhada, corrida, andar de bicicleta, por exemplo”, disse Cabau.

Um fato importante a se destacar, segundo Mateus, é com relação às escolas. “As escolas suspenderam as aulas presenciais e obrigaram a todos os alunos a aulas à distância. Para isso forneceram laptop para cada aluno levar para casa. O ano letivo escolar aqui na Flórida termina em maio. As férias de verão americano significa a virada do ano escolar. O começo do ano letivo foi na segunda quinzena de Agosto e todos os alunos puderam escolher entre presencial e online”, explicou Mateus.

Segundo Cabau, o sistema de delivery (entrega em domicílio) sempre funcionou muito bem nos EUA, mesmo antes da pandemia. “O americano tem o hábito do drive-thru e do delivery. Então, usar desse sistema para compras de supermercado e, principalmente, para os restaurantes, não foi um desafio para nenhum dos lados, seja consumidor ou comerciante”, disse.

Mateus lembra que alguns gigantes do e-commerce, nos Estados Unidos, fazem entrega em até duas horas depois da sua compra. “Supermercados e hipermercados permitem você faça compras e programe o horário da entrega. Essas empresas deixaram de ser empresa de venda eletrônica e passaram a ser empresa de logística”, explica.

 

Reabertura já em 2020

Mateus conclui que o período mais “radical” foi de março ate junho de 2020. “A partir de junho, a Flórida foi se reabrindo para nunca mais fechar. Esse período mais difícil para a população, felizmente, não teve lotações em hospitais, ou UTIs, por vários motivos. Em primeiro lugar, já existia uma estrutura médica hospitalar em quantidade e qualidade na Flórida. Além disso, foi ainda ampliado para uma potencial alta demanda de contaminados e compras de respiradores e equipamentos de UTIs”.

A partir de junho, parques temáticos voltaram a receber seus visitantes, porém limitados a 25% da ocupação. Assim como as academias, restaurantes e bares. Em meados de agosto, esse percentual já foi elevado para 50%.

“Essa realidade do segundo semestre de 2020 já fez com que a Flórida começasse a ter uma demanda de turista interno buscando locações e de investidores vindo principalmente de Nova Iorque e da Califórnia, para compra de casas de veraneio para usar, fugindo de restrições maiores em suas regiões e buscando mais Liberdade, espaço e temperaturas e clima favorável para a limitação de ir e vir”, explicou Mateus.

 

A importância da vacinação e o aquecimento da economia

A vacinação contra o covid-19 começou em dezembro de 2020 nos Estados Unidos e avançou muito rapidamente pelo país. Ainda no governo de Donald Trump, já se atingia o numero de dois milhões de pessoas vacinadas por dia. Atualmente, mais de 318 milhões de americanos já foram vacinados, sendo que mais de 160 milhões já estão completamente vacinados. Os EUA possuem três vacinas aprovadas: Moderna e Pfizer, que são administradas em duas doses e a Johnson & Johnson, que é dose única.

No primeiro trimestre de 2021, já se constatava uma migração de americanos de diversos estados do norte para a Flórida. A economia retornando, falta de mão de obra e muitas oportunidades de emprego fizeram com que 1.500 famílias chegassem por dia no estado da Flórida para um recomeço. O mercado imobiliário se aqueceu tanto para compra, como para locação.

A Flórida, em abril deste ano, liberou a vacinação para qualquer pessoa acima de 12 anos, independentemente do endereço de residência, ou do status migratório.  O próprio Aeroporto Internacional de Orlando tem um posto de vacinação que funciona das 11 às 19hs, diariamente, e oferece duas opções de vacinas: Johnson & Johnson e da Pfizer. Nao é necessário nenhum agendamento ou comprovação de residência nos EUA.

A meta do governo federal é ter 70% da população americana completamente vacinada até 4 de julho, data que é comemorada a independência dos Estados Unidos.

“Alguns estados americanos estão fazendo campanhas de incentivo para sua população se vacinar, pois não é obrigatória a vacinação. Existe uma parcela significativa população que ainda tem resistência para tomar a vacina. Para vocês terem uma ideia, a região de Orlando fechou vários pontos de vacinação por falta de procura”, explicou Mateus.

“Sempre existiu um suporte financeiro dos governos locais, estaduais e federais para ‘CNPJs e CPFs’. Trilhões de dólares foram dados para famílias e empresas, a fundo perdido. Por exemplo, os desempregados chegaram a receber U$600 por semana, em um primeiro momento, e depois isso foi reduzido para U$400 semanais”, disse Cabau.

Segundo Mateus, alguns estados que foram mais radicais, como a Califórnia, onde a restrição foi mais longa e severa, as ajudas de custo aos trabalhadores desempregados, somados a ajuda do governo federal, estadual e municipal chegou a ser de U$1 mil semanais (ou R$5 mil por semana).  “Um pouco diferente do Estado de São Paulo, por exemplo, onde a política é ‘fique em casa e use sua poupança da vida para pagar suas contas’. Isso, claro, para aqueles que possuem poupança”, explicou.

 

Dois mundos diferentes

“Esse é o contraste que temos quando se compara lockdown entre Brasil e aqui nos Estados Unidos. O dinheiro chegou ao contribuinte, ao pagador de imposto, e não ficou parado para equilibrar as finanças dos governos estaduais e municipais. Aqui, nunca tivemos que escolher entre o dinheiro do mês e a vida da família. Ficaram muito claros os esforços de todas as esferas públicas para que o cidadão jamais tivesse que escolher entre um ou outro”, opinou Cabau.  

A última ressalva sobre essa polêmica gestão, na opinião de Mateus, é que os estados que privaram o direito de ir e vir, com lockdown pesados e longos, fizeram com que mais dinheiro chegassem  para conta dos moradores residentes no respectivo estado e, talvez, apresentaram um “novo estilo de vida” a uma população que estava acostumada à meritocracia e às 40 horas semanais de trabalho para pagar suas contas.

“Já os estados mais flexíveis, que permitem o cidadão e empreendedor escolher, ou seja, manter o negócio aberto e ter o trabalhador no seu trabalho, sem desampará-los, parece que estão ‘decolando’ antes dos demais”, relatou.

Para concluir, Mateus destaca que hoje os parques temáticos da Flórida já estão recebendo 100% da sua capacidade, sem obrigatoriedade de máscaras para quem esta 100% vacinado. “A cidade de Orlando já superou índices de ocupação na hotelaria e nas casas de veraneios acima dos números de 2019 (antes da pandemia) e é comum fila de espera em restaurantes e bares para conseguir uma mesa”.

“Mais uma constatação. Essa demanda é só de americano. Em 2020, mais de 135 países fecharam suas fronteiras. Número jamais visto, nem no período de Guerra Mundial. Essa restrição ainda existe entre vários países e tende a mudar com o avanço da vacinação pelo mundo”, disse Mateus, que finalizou. “Orlando bombando novamente, agora. Imagina na hora que o mundo se reabrir? Feliz por estar no destino mais divertido do mundo”.

“Não tenho dúvidas do aprendizado que essa pandemia está deixando para a maioria dos americanos, destacando: valorização do ‘hoje’; fortaleceu o que é a grande marca americana, a liberdade; a valorização das atividades ao ar livre; aproveitar o tempo livre com viagens. E a substituição da geração ‘Nutella’ pela geração do álcool gel”, disse Cabau.

Para finalizar Mateus ainda fala que, por mais fascinante que possa parecer ser a gestão da pandemia nos Estados Unidos, mais de 33 milhões de americanos foram contaminados pelo corona vírus e mais de 600 mil perderam a vida, em consequência dessa pandemia.

“Entre acertos e erros, os Estados Unidos estão virando a página desse triste capítulo da vida humana, que é o covid-19, com vacina e muita expectativa de crescimento de economia para os próximos dois anos”.

FONTE/CRÉDITOS: Divulgação
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